
A fusão entre o PSDB e o Podemos, que está sendo articulada em Brasília, está cada vez mais próxima de se concretizar. O novo partido que surgirá dessa junção promete mudar o equilíbrio político em diversas regiões do país — inclusive no Acre, onde ambas as siglas possuem presença significativa em vários municípios. 1w1s60
Em Mâncio Lima, a possível união dos partidos já provoca especulações sobre os desdobramentos locais. O PSDB, embora não tenha eleito representantes no município na última eleição, esteve muito próximo do poder executivo. Armando Lima, vice na chapa encabeçada por Chicão, foi derrotado por uma margem apertada. Além disso, a legenda tucana recebeu 711 votos para vereador, sendo 424 destinados ao jovem Felipe Matos, que, mesmo com uma expressiva votação — maior do que a de seis vereadores eleitos —, acabou não assumindo uma cadeira devido ao coeficiente eleitoral. Felipe, inclusive, é visto como uma promessa e já desperta o interesse de diversos grupos políticos para o próximo pleito.
Já o Podemos, sob a liderança local do ex-secretário Danilo Chagas, alcançou 1.569 votos na última eleição municipal, elegendo dois vereadores e consolidando-se como uma das forças políticas mais relevantes de Mâncio Lima. Se a coalizão tivesse ocorrido antes, o partido “bebê” seria o campeão de votos para o cargo de vereador, com quase 2300 votos ao total.
Procurados pela nossa reportagem, os vereadores Jean Almeida e Alana Sousa, eleitos pelo Podemos, comentaram o cenário que se desenha a partir dessa possível fusão.
O vereador Jean Almeida afirmou:
“No momento, ainda não sabemos o real impacto dessa fusão. É uma construção que está acontecendo em Brasília e ainda vai refletir nos estados e municípios. Tenho uma grande iração pelo Armando Lima e acredito que, por enquanto, essa coalizão não muda o cenário político local a curto prazo. Seguimos atentos e comprometidos com o nosso trabalho.”
Já a vereadora Alana Sousa foi protocolar em sua fala:
“Conversei com o presidente municipal do Podemos, Danilo Chagas, e, até o momento, a fusão ainda não está confirmada. A decisão final deve partir da direção nacional, em Brasília. Por ora, seguimos com a estrutura atual: Ney Amorim como presidente estadual e a diretoria municipal permanecendo ativa e organizada.
É importante destacar que o Podemos, hoje, tem representatividade no legislativo municipal com dois vereadores, enquanto o PSDB não conta com nenhum parlamentar em exercício. Portanto, acreditamos que, mesmo com a fusão sendo cogitada, o cenário local deve permanecer como está.”
Até o momento, o futuro das duas siglas segue indefinido. Mas uma coisa é certa: o surgimento desse novo partido pode provocar rearranjos significativos no tabuleiro político de Mâncio Lima e do estado como um todo. Seguiremos acompanhando os próximos capítulos dessa fusão.
Para quem servem as federações e fusões
Federações e fusões são modelos distintos de aliança partidária. Mas, em resumo, elas servem para que as legendas somem forças e números.
Nos dois casos, o desempenho dos partidos envolvidos nessas alianças são unificados e avaliados, de forma conjunta, para o cálculo da cláusula de barreira — que determina, com base em uma série de regras, quais partidos terão o ao fundo partidário e ao tempo de rádio e de TV.
Para as federações e fusões, a distribuição de cadeiras nas câmaras municipais, na Câmara dos Deputados e nas assembleias estaduais levam em conta a soma dos votos dos partidos envolvidos.
Quais as diferenças entre os dois modelos
A federação é um “relacionamento sério” entre dois ou mais partidos. Se estiverem nesse modelo de aliança, as legendas continuam com sua identidade e autonomia, mas, para algumas finalidades, têm de atuar como uma só.
As regras determinam que as siglas que se unirem em uma federação deverão ficar juntas por, no mínimo, quatro anos.
Os membros de uma federação também não podem ter divergências no lançamento de candidaturas. Isso significa que um partido não pode, por exemplo, sair e registrar um candidato sem autorização do outro.
Atualmente, três federações estão registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A maior é a formada por PT, PCdoB e PV. As outras duas reúnem PSOL e Rede; e PSDB e Cidadania (que já anunciaram o rompimento).
A fusão é um relacionamento ainda mais sério do que a federação. Nele, os partidos se unem de forma definitiva — deixando de existir separadamente — e dão origem a uma nova legenda.
Além desta diferença, há outras questões relacionadas a rees de dinheiro público para fusões e para federações.
Nas federações, embora os desempenhos sejam somados para o cálculo da cláusula de barreira, os recursos públicos do fundo partidário — manutenção mensal dos partidos — e do fundo eleitoral — financiamento de campanha — são reados separadamente para cada sigla que integra uma federação.
Pelas regras, os partidos podem compartilhar recursos para arcar com custos da federação ou para financiar campanhas. Mas cabe exclusivamente a cada legenda definir os critérios de distribuição do dinheiro.