Coluna Alex William – Jogada política disfarçada: Antônia Lúcia irá trazer Marcos Feliciano como atração em aniversário de Mâncio Lima 1s6r6s

Por Alex William 1ym55

As comemorações dos 48 anos de Mâncio Lima deveriam ser, antes de tudo, uma celebração da história, da cultura e da identidade de um povo que, com esforço e fé, constrói sua trajetória no interior do Acre. No entanto, chama atenção a forma como certos eventos ganham contornos mais políticos do que comunitários, mais estratégicos do que espirituais.

A presença do pastor e ex-deputado Marco Feliciano como atração central de um encontro religioso promovido por igrejas evangélicas locais, com apoio direto da Secretaria Municipal de Assistência Social, levanta questionamentos legítimos. Não se trata aqui de julgar a fé de ninguém, muito menos de desrespeitar crenças. Ao contrário: trata-se de reconhecer que a fé é tão valiosa que merece ser preservada de qualquer uso instrumental.

Marco Feliciano é, sem dúvida, uma figura conhecida nacionalmente, mas sua trajetória política e religiosa se entrelaça com episódios de grande controvérsia. Sua vinda a este evento desperta um alerta sutil: até que ponto a fé está sendo usada como meio para fins que nada têm a ver com o Evangelho?

Antônia Lúcia, como liderança política e também ligada ao segmento evangélico, deveria zelar por essa distinção. O papel do gestor público é servir a todos, sem favorecer um grupo específico, por mais legítimo que ele seja. Quando a atuação pública se confunde com a ação pastoral, há um risco real de enfraquecer tanto o espaço sagrado quanto o espaço público.

Há uma responsabilidade ética em não instrumentalizar o sentimento religioso, que é íntimo e sincero, como atalho para visibilidade política. Quando líderes políticos usam a liturgia e os púlpitos para discursos que beiram o comício, não apenas desrespeitam a separação saudável entre fé e Estado, mas também fragilizam o próprio tecido democrático.

Não é necessário ser duro para criticar. Basta olhar com sensibilidade e sabedoria: se há fé verdadeira envolvida, ela não precisa de palanques. Se há boa política, ela pode andar com as próprias pernas, sem se apoiar no altar. E se há amor pelo povo, que ele se expresse no cuidado cotidiano, não em grandes atos públicos que confundem o sagrado com o eleitoral.

A espiritualidade é um bem precioso demais para ser usada como moeda de troca. Espera-se que a maturidade política prevaleça e que as lideranças, sobretudo as que também falam em nome de Deus saibam distinguir o momento de orar do momento de governar.